domingo, 8 de janeiro de 2012

Campanha da Fraternidade 2012


Tema: "Fraternidade e saúde pública",
Lema: "Que a saúde se difunda sobre a terra!"
(Cf. Eclo, 38,8)


Todos os anos durante o período quaresmal, tempo de conversão, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) realiza a Campanha da Fraternidade, que tem por objetivo despertar a solidariedade de seus fiéis e de toda a sociedade em relação a um problema concreto que envolve toda a nação, buscando uma solução para o mesmo.


Para o ano de 2012, a CNBB sugeriu o tema "Fraternidade e Saúde Pública" e o lema "Que a saúde se difunda sobre a terra". Dessa forma, o Portal Kairós, disponibiliza aos internautas os materiais que auxiliarão durante a CF2012.



REPERTÓRIO PARA OS DOMINGOS DA QUARESMA - ANO B - 2012




QUARTA-FEIRA DE CINZAS (B) 22/02/2012


- Abertura: Canto da conversão (fx 02)
- Salmo responsorial: Piedade, ó Senhor (SI 51/50) (fx 06)
- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)
- Distribuição das cinzas: Converter ao Evangelho (fx 05)
- Oferendas: Eis o tempo de conversão (fx 12)
- Comunhão: Agora o tempo se cumpriu (fx 13)
Cite a fonte: www.portalkairos.net


1° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 26/02/2012
- Abertura: Lembra, Senhor, o teu amor (fx 03)
- Salmo responsorial: Verdade e amor são os caminhos do Senhor (fx 06)
- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)
- Oferendas: Eis o tempo de conversão (fx 12)
- Comunhão: Nós vivemos de toda a palavra (fx 14)




2° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 04/03/2012
- Abertura: Lembra, Senhor, o teu amor (fx 03)
- Salmo responsorial: Andarei junto a Deus (fx 06)
- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)
- Oferendas: Eis o tempo de conversão (fx 12)
- Comunhão: Este é o meu filho muito amado (fx 15)




3° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 11/03/2012
- Abertura: Lembra, Senhor, o teu amor (fx 03)
- Salmo responsorial: Senhor, tu tens palavras (fx 06)
- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)
- Oferendas: Retorna, Israel (fx 11)
- Comunhão: Destruí este templo, disse Cristo (fx 16)




4° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 18/03/2012
- Abertura: Acolhe, ó Deus (fx 04)
- Salmo responsorial: Que se prenda minha língua (fx 08)
- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)
- Oferendas: Retorna Israel (fx 11)
- Comunhão: Gloriica o Senhor, Jerusalém (fx 17)




5° - DOMINGO DA QUARESMA (B) 25/03/2012
- Abertura: Acolhe, ó Deus (fx 04)
- Salmo responsorial: Criai em mim um coração que seja puro (fx 09)
- Aclamação ao evangelho: Louvor e glória a ti, Senhor (fx 10)
- Oferendas: Retoma Israel (fx 11)
- Comunhão: Se o grão de trigo não morrer (fx 19)




DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO (B) 01/04/2012
- Abertura 1: Hosana ao Filho de Davi
- Abertura 2: Hosana e viva
- Procissão: Os filhos de hebreus
- Salmo responsorial: Meu Deus e Pai por que me abandonastes?
- Aclamação ao evangelho: Salve ó Cristo obediente
- Oferendas: O morte estás vencida
- Comunhão: Eu vim para que todos tenham, vida
- Comunhão 2: Somos todos convidados (fx 20)


- Outros materiais: Cura, Senhor
O CARTAZ DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012

Apresentação: O cartaz da CF 2012


O cartaz atualiza o encontro do Bom Samaritano com o doente que necessita de cuidado (Lc 10,29-37). A mão do profissional da saúde, segurando as mãos da pessoa doente, afasta a cultura da morte e visibiliza a acolhida entre irmãos (o próximo). A Igreja como mãe, em sua samaritanidade, aproxima-se e cuida dos doentes, dos fracos, dos feridos, de todos que se encontram à margem do caminho. 


O profissional de pé, o enfermo sentado, olhos nos olhos, lembram o compromisso e a dedicação do profissional da saúde, no processo de cura do paciente, e a confiança do doente naquele que o acolhe e cuida. A acolhida e o cuidado aliviam a dor, estabelecem uma relação de confiança decisiva para a cura e superação das barreiras sociais.


A cruz, que sustenta e ilumina o sentido do cartaz, recorda a salvação que Jesus Cristo nos conquistou. Ela ilumina a vida humana, a morte, as dores, o sofrimento das pessoas sem assistência de saúde. No entanto, é ela também que ilumina o encontro entre o profissional da saúde e o doente, pois aponta para a esperança da transformação completa: um novo céu e uma nova terra.


A alegria do encontro retratado no cartaz recorda aos profissionais da saúde que foram escolhidos para atualizarem a atitude do Bom Samaritano em relação aos enfermos. Mobiliza os gestores do sistema de saúde a se empenharem para possibilitar atendimento digno e saúde para todos. Que a saúde se difunda sobre a terra.

Oração da Campanha da Fraternidade 2012


Senhor Deus de amor,
Pai de bondade,
nós vos louvamos e agradecemos
pelo dom da vida,
pelo amor com que cuidais de toda a criação.

Vosso Filho Jesus Cristo,
em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos
e de todos os sofredores,
sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude.

Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito.
Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela conversão
se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo,
e que a saúde se difunda sobre a terra.

Amém.


O HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012

01 - Hino CF 2012
Letra: Roberto Lima de Souza
Música.: Júlio Cézar Marques Ricarte


1. Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas,
Pelo remédio para aliviar a dor!
Este é teu povo, em longas filas nas calçadas,
A mendigar pela saúde, meu Senhor!

Tu, que vieste pra que todos tenham vida, (Jo 10,10)
Cura teu povo dessa dor em que se encerra;
Que a fé nos salve e nos dê força nessa lida, (Mc 5, 34)
E que a saúde se difunda sobre a terra! (Cf Eclo 18,8)

2. Ah! Quanta gente que, ao chegar aos hospitais,
Fica a sofrer sem leito e sem medicamento!
Olha, Senhor, a gente não suporta mais,
Filho de Deus com esse indigno tratamento!

3. Ah! Não é justo, meu Senhor, ver o teu povo
Em sofrimento e privação quando há riqueza!
Com tua força, nós veremos mundo novo, (Cf Ap 21,1-7)
Com mais justiça, mais saúde, mais beleza!

4. Ah! Na saúde já é quase escuridão,
Fica conosco nessa noite, meu Senhor, (Cf Lc 24,29)
Tu que enxergaste, do teu povo, a aflição
E que desceste pra curar a sua dor. (Cf Ex. 3,7-8)

5. Ah! Que alegria ver quem cuida dessa gente
Com a compaixão daquele bom samaritano. ( Lc. 10,25-37)
Que se converta esse trabalho na semente
De um tratamento para todos mais humano!

6. Ah! Meu Senhor, a dor do irmão é a tua cruz!
Sê nossa força, nossa luz e salvação! (Cf. Sl. 27,1)
Queremos ser aquele toque, meu Jesus, (Cf. Mc. 5,20-34)
Que traz saúde pro doente, nosso irmão!


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Vídeo da Campanha da Fraternidade  




Batismo De Nosso Senhor Jesus Cristo

O tempo do Natal, que de algum modo inclui os trinta anos da vida oculta de Jesus em Nazaré, acaba com a festa do Batismo do Senhor, que celebramos no próximo final de semana. A partir de agora a Igreja irá considerando os mistérios da vida pública de Jesus. Depois de João Batista ter preparado as almas, cumprindo a sua missão de Precursor, Jesus vai manifestar-se como Deus e Salvador. A vida pública do Senhor tem início, propriamente, quando Jesus se submete ao rito de penitência que João ministrava no Rio Jordão.

O Batismo de Jesus no Jordão é um dos episódios da vida de Cristo narrado por todos os quatro evangelistas. O rito de penitência que João realizava, nas margens do Jordão, era uma ajuda para criar nas pessoas que o recebiam disposições de arrependimento para esperar o Messias. Nosso Senhor, sendo Ele o Messias e a própria Santidade, sujeitou-se voluntariamente ao batismo de João. Esse ato de suprema humildade de Jesus merecerá mais uma Epifania: Deus Pai o proclamará como o seu Filho muito amado. Deus Pai, portanto, corresponde a esse ato de humildade, glorificando Jesus como Filho Unigênito. Na teofania do Jordão, de modo semelhante a como a suprema humilhação da Paixão, merecerá a plena glorificação de Cristo, que ascendeu à direita do Pai.

Os textos propostos na liturgia de hoje convidam-nos a mergulharmos mais profundamente no mistério de Cristo. É um mistério de “abaixamento” que nos toca de perto. Jesus, no seu Batismo, inicia, junto com a sua manifestação ao Mundo, a instituição do seu Reino e do sacramento cristão, que será a porta para a Ele nos incorporarmos: o batismo.

Em Cristo, a humanidade inteira desceu às águas para realizar o verdadeiro êxodo da morte para a vida; n´Ele, todos nós fomos chamados a renovar, cada dia, a opção pelo nosso batismo, que recebemos na água e no Espírito, o novo nascimento, para nos conformarmos cada vez mais com a Sua imagem. Isso comporta o constante reconhecimento do nosso pecado, a humildade de nos dispormos a pedir sinceramente perdão, para recebermos o dom do Espírito Santo que nos torna capazes de caminhar em novidade de vida, segundo o mandamento do amor. Saboreando, desse modo, a alegria que o mundo não conhece nem pode dar: a alegria de sermos também nós, em Cristo, filhos do único Pai. É essa a maior dignidade, a que nos torna para sempre preciosos aos seus olhos. A igualdade da condição batismal faz de nós todos, sacerdotes, profetas e reis:

“Os fieis leigos são chamados a exercer a sua missão profética, que deriva diretamente do batismo, e testemunhar o Evangelho na vida diária, onde quer que se encontrem. A este respeito, os Padres sinodais exprimiram “a mais viva estima e gratidão, bem como encorajamento pelo serviço à evangelização que muitos leigos, e particularmente as mulheres, prestam com generosidade e diligência nas comunidades espalhadas pelo mundo, a exemplo de Maria de Magdala, primeira testemunha da alegria pascal”. Além disso, o Sínodo reconhece, com gratidão, que os movimentos eclesiais e as novas comunidades constituem, na Igreja, uma grande força para a evangelização neste tempo, impelindo a desenvolver novas formas de anúncio do Evangelho” (Verbum Domini 94).

Com a Iniciação Cristã ficou muito claro para a missão pastoral da Igreja a importância de redescobrir o Batismo e levar as pessoas a vivê-lo. O grande Plano de Pastoral deveria ser, após o Querigma, o aprofundamento da fé daq    uele que foi batizado para ser testemunha de Cristo Ressuscitado.

Com a Festa do Batismo de Jesus continua o ciclo das manifestações do Senhor, que teve início no Natal, com o nascimento em Belém do Verbo encarnado e uma etapa importante na Epifania, quando o Messias se manifestou aos povos. No dia do Batismo Jesus se revela, às margens do Jordão, a João e ao povo de Israel. É a primeira ocasião em que Ele, como homem adulto, entra na vida pública após ter deixado Nazaré.

No Jordão, Jesus se manifesta com uma extraordinária humildade, que evoca a pobreza e a simplicidade do Menino Deus colocado na manjedoura, e antecipa os sentimentos com os quais, ao término de seus dias terrenos, chegará a lavar os pés dos discípulos e sofrerá a humilhação terrível da cruz. O Filho de Deus, Aquele que não tem pecado, coloca-se entre os pecadores, mostra a proximidade de Deus no caminho de conversão do homem. Jesus assume sobre si o peso da culpa de toda a humanidade, inicia a sua missão colocando-se no lugar dos pecadores, na perspectiva da cruz. O Evangelista Lucas narra que quando Jesus foi batizado o "céu se abriu e desceu sobre ele o Espírito Santo (3, 21-22)" e uma voz disse: "Tu és o meu filho, eu, hoje, te gerei".

Naquele momento, o Pai, o Filho e o Espírito Santo descem entre os homens e nos revelam o seu amor que salva. Se são os anjos a levar aos pastores o anúncio do nascimento do Salvador, e a estrela aos Reis Magos do Oriente, agora é a voz de Deus que indica aos homens a presença no mundo de seu Filho e convida-os a olhar para a ressurreição, para a vitória de Cristo sobre o pecado e sobre a morte.

Que a festa do Batismo do Senhor nos ajude a reanimar o nosso próprio Batismo, como pertença à comunidade dos fiéis, não apenas uma participação numérica ou censitária, mas uma presença efetiva, de discípulos-missionários, colocando na vida diária a ação do Espírito Santo que é derramado sobre nós, e assim, nos tornamos herdeiros da vida divina, com Cristo, que nos chama a ser no mundo suas testemunhas e participantes da grande assembleia dos fieis, a Mãe Igreja.

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

Epifania do Senhor - 08 de Janeiro de 2012

Reis Magos - Teresina Shopping 
 No Domingo, 08 de janeiro de 2012, celebramos a Missa de Epifania do Senhor. Mas o que significa Epifania e o que o texto bíblico tem a nos esclarecer sobre isto?

No entanto, como possuímos vários tipos de leitores neste blog, temos duas respostas e uma mesma explicação/catequese. A primeira é trazida pelo catecismo e a segunda, derivada da primeira, consiste na nossa reflexão/catequese sobre a festividade.

Assim, os leitores apressados podem conter-se com a primeira e completa resposta e terminar sua tarefa de compreender o significado da Missa de Epifania.

CATEQUESE 01: Direto ao assunto. O que significa Epifania segundo o Catecismo da Igreja Católica?

528. A Epifania é a manifestação de Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e salvador do mundo. Juntamente com o baptismo de Jesus no Jordão e as bodas de Caná, a Epifania celebra a adoração de Jesus pelos «magos» vindos do Oriente.

Nestes «magos», representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações, que acolhem a Boa-Nova da salvação pela Encarnação.

A vinda dos magos a Jerusalém, para «adorar o rei dos judeus», mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de David, Aquele que será o rei das nações.

A sua vinda significa que os pagãos não podem descobrir Jesus e adorá-Lo como Filho de Deus e Salvador do mundo, senão voltando-se para os Judeus e recebendo deles a sua promessa messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que «todos os povos entram na família dos patriarcas» e adquire a « israelitica dignitas» – a dignidade própria do povo eleito.

CATEQUESE 02: Refletindo um pouco mais. O que significa Epifania para o cristão?

Epifania conforme o Catecismo é a manifestação, a aparição, o revelar-se de Deus aos homens. O curioso da Revelação/Manifestação, que é Jesus, é que ela não é transmitida a partir de qualquer relato bíblico do Natal de Jesus como o de Lucas 2, mas da visita dos Três Reis Magos.

Então, por que este relato específico de Mt 2, 1-12, da Visita dos 3 Reis Magos é quem “melhor” recorda a Epifania do Senhor?

Primeiro, precisamos conhecer os três Reis Magos.

A tradição os chama de Baltazar, Melquior e Gaspar. Dizem que um é branco, o outro, cor de jambo; o outro rei é negro.

Eles eram magos, no sentido de astrólogos e astrônomos (não havia separação destas disciplinas), o que quer dizer que não eram judeus, e sim pagãos, mas também que tinham os céus como sua fonte de saber e de verdade. Por isso, perceberam um sinal no céu, uma nova estrela que pairava constante sobre a Terra, acreditaram na profecia judaica de que o menino-Deus, “Rei dos Judeus”, haveria de nascer e foram ao seu encontro.

Também a forma como a tradição os descreve pela cor de sua pele, caracteriza-os como pertencentes a diferentes povos ou nações do Oriente. Assim, os Três Reis Magos representam todas as nações e todos os povos da Terra são igualmente convidados à Salvação (Cf.: Ef 3, 5s).

As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor! (Sl 71/72)

É fato que a Salvação foi, historicamente, primeiro ofertada aos judeus pelo Pai Abraão (Cf.: Gn 12), porém, não restrita a estes. Dessa maneira, o texto bíblico mostra que a Salvação que é o próprio Jesus (seu nome significa ‘Deus Salva’) veio para todos, todas as pessoas, povos ou nações, inclusive independente de seu tempo.

Com isto, renova-se, hoje, o papel da Evangelização da Igreja e de seus fiéis: ser estrela-guia para que todas as pessoas conheçam a pureza de Deus e percebam que Ele nasce em nossos corações, transforma-nos e nos salva.



TEMPO DE REIS E REINADOS (Mt 2, 1-12)

Interessante que o tempo em que Jesus nasce é fecundo em reis: rei Herodes, reis magos, príncipes dos sacerdotes. E as pessoas ainda ansiavam por outro.

Passemos, agora a falar um pouco sobre o rei Herodes. Herodes quando procurado pelos reis magos para saber da profecia sobre o rei dos judeus, viu em Jesus uma ameaça contra si. Mentindo, pede para que os magos revelem onde se encontrara Jesus para adorá-lo. Não tendo seu pedido atendido, Herodes mandará assassinar todas as crianças com até 2 anos de idade para se ver livre de Jesus.

Oras, um rei representa poder econômico, político e uma tradição social, todavia, antes de tudo isso, o rei, em seu símbolo, deve ser um senhor de si, sem medo, um líder nato e virtuoso. Nenhuma destas qualidades podemos encontrar em Herodes. Entretanto, a criança que nascera (Mt 2) ultrapassava todas elas. Uma talvez seja a reta razão de Herodes: uma pessoa, um povo deve possuir um único Rei que a ele se submete e confia. Afinal, ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6,24).

Herodes representa uma humanidade caída que se acha dona de si, que acredita ter tudo sob seu controle e domínio que tem medo de ser melhor e de ser rebaixada, que em tudo tem razão, que só é capaz de reconhecer no outro, uma ameaça, uma contrariedade, ou seja, Herodes é uma humanidade que não deseja mudar, que tem medo de perder o que tem, ainda que seja por algo melhor.

Portanto, toda pessoa que como Herodes não queira mudar e ser capaz de se entregar ao menino-Jesus, ainda que o encontre face à face em sua vida, não o adorará, não submeterá seu coração a Ele, outrora, fará o mesmo que Herodes: perseguirá e desejará matar o menino-Deus e todos que com ele um pouco se assemelhem.

Assumir o menino-Jesus como Rei é ser sábio como Pedro (At 3,6): “Pedro, porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!”.

Assumir Jesus é abrir mão das certezas de Herodes (do mundo) e ser capaz de doar o próprio Cristo. (Ninguém disse que ser cristão era fácil? Só se for pro IBGE.).

Mesmo sendo difícil, é simples: Deus nasce em nós como no Natal, numa semente de Amor e aos poucos, com Seu jeito, sem espanto vai nos moldando, conformando-nos ao Seu Amor a ponto de nos tornar o próprio Amor como desejava Stª. Teresinha do Menino Jesus de Lisieux.



UMA CIDADE DIFERENTE

Convém recordarmos que os Três Reis Magos foram à Jerusalém saber onde haveria de nascer a Salvação.

“Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória se manifesta sobre ti. (Cf.: Is 60,1-6)”

Foram, então, orientados, a irem à cidade de Belém, na região da Judéia.

“E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo (Miq 5,2).” (Mt 2,6).

A cidade pequena e sem aparente significância é de onde surge o Rei Jesus. Um Rei sem posses, sem abrigo digno, de família pobre, é, inclusive, sem prestígio social. Como a descendência do Rei Davi (Cf.:Mt 1) que culmina em José pôde se tornar tão singela e sem importância?  É de espantar como a história de Jesus começou tão humilhante, franzina e, ao mesmo tempo, trazendo a força da Esperança de Todos os Tempos.

Pois seja no passado, no presente ou no futuro, enfim, no alfa e no ômega, precisamos da certeza de que um Deus Amoroso é conosco (Cf.: Mt 1, 23). E o menino-Jesus é essa esperança, não como promessa, mas como certeza, já que Deus quis se manifestar. E é feliz, quem adora o menino-Deus!



OS PRESENTES DO MENINO-REI, MENINO-DEUS: MENINO JESUS

Ao chegarem ao local sob onde a Estrela se firmou no céu, os reis magos encontraram o menino Jesus junto de Maria e o adoraram, entregando-lhe como presentes ouro, incenso e mirra.

Mt 2,11: Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra.

Segundo o texto bíblico da Epifania do Senhor (Mt 2, 1-12). Nos três presentes se encontram o caminho da vida de Jesus e de sua paixão. O ouro marca sua realeza: o menino Jesus é Rei. O incenso, usado nas celebrações para purificação e oblação orienta para sua divindade: o menino Jesus é Deus. A mirra, perfume, indica sua paixão e morte, pois será com tal perfume que Seu corpo será preparado para o sepulcro (Cf.: Mc 15, 23; Jo 19,39).

Por outro lado, que bela simplicidade a do texto bíblico: os reis prostrados, adorando o menino-Jesus, “abrem seus tesouros” e oferecem-No. Que tesouros possuímos para oferecer a Jesus, eis a pergunta essencial para um cristão? (Não pense em respostas rápidas, óbvias e poéticas como “o nosso coração”. Talvez seja esta a resposta. Mas Reflita bem, olhe para dentro e fora de si e doe a resposta de forma concreta.).

“[...] Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou [...]. At 3,6.

Feliz Ano Novo!!!

Um abraço fraterno,

domingo, 1 de janeiro de 2012

Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz .

EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ

1. INÍCIO DE UM NOVO ANO, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, com grande confi ança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fi que marcado concretamente pela justiça e a paz.
Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor « mais do que a sentinela pela aurora »(v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque
sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações.
Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista.
Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial
da Paz duma perspectiva educativa: « Educar os jovens para a justiça e a paz », convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer
uma nova esperança ao mundo.
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, econômica, cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo
juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.
Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com fundada esperança. Na hora atual, muitos são os aspectos que os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego
estável, a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais
humano e solidário.
É importante que estes fermentos e o idealismo que encerram encontrem a devida atenção em todas as componentes da sociedade. A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver « coisas novas » (Is 42, 9; 48, 6).

Os responsáveis da educação
2. A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida. Educar – na sua etimologia latina educere– significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.

E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores. A família é célula originária da sociedade. « É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro ». Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se vêem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura dum adequado sustentamento se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença, que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas.

Quero dirigir-me também aos responsáveis das instituições com tarefas educativas: Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa. Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu. Assegurem às famílias que os seus filhos não terão um caminho formativo em contraste com a sua consciência e os seus princípios religiosos.
Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna.
Dirijo-me, depois, aos responsáveis políticos, pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito--dever de educar. Não deve jamais faltar um adequado apoio à maternidade e à paternidade. Atuem de
modo que a ninguém seja negado o acesso à instrução e que as famílias possam escolher livremente as estruturas educativas consideradas mais idôneas para o bem dos seus filhos. Esforcem-se por favorecer a reunificação das famílias que estão separadas devido à necessidade de encontrar meios de subsistência.
Proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para o bem de todos. Não posso deixar de fazer apelo ainda ao mundo dos media para que prestem a sua contribuição educativa. Na sociedade atual, os meios de comunicação de massa têm uma função particular: não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de fato, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa.
Também os jovens devem ter a coragem de começar, eles mesmos, a viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam. Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.

Educar para a verdade e a liberdade
3. Santo Agostinho perguntava-se: « Quid enim
fortius desiderat anima quam veritatem – que deseja o homem mais intensamente do que a verdade? ». O rosto humano duma sociedade depende muito da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável. De fato, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence.
Por isso, a fim de educar para a verdade, é preciso antes de mais nada saber que é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: « Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, o fi lho do homem para com ele Vos preocupardes? » (Sal 8, 4-5). Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Que é o homem?
O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade – não uma verdade parcial, mas capaz de explicar o sentido da vida –, porque foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim, o fato de reconhecer com gratidão a vida como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda e a inviolabilidade própria de cada pessoa.
Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade. É preciso não esquecer jamais que « o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões », incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele econômico ou social, individual ou coletivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. Esta não é a ausência de vínculos, nem o império do livre arbítrio; não é o absolutismo do eu. Quando o homem se crê um ser absoluto, que não depende de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, acaba por contradizer a verdade do seu ser e perder a sua liberdade. De fato, o homem é precisamente o contrário: um ser relacional, que vive em relação com os outros e sobretudo com Deus. A liberdade autêntica não pode jamais ser alcançada, afastando-se d’Ele.
A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. « Hoje um obstáculo particularmente insidioso à ação educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio “eu”. Dentro de um horizonte relativista como este, não é possível, portanto, uma verdadeira educação: sem a luz da verdade, mais cedo ou mais tarde
cada pessoa está, de fato, condenada a duvidar da bondade da sua própria vida e das relações que a constituem, da validez do seu compromisso para construir com os outros algo em comum ». Por conseguinte o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal. No íntimo da consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz o chama a amar e fazer o bem e a fugir do mal, a assumir a responsabilidade do bem cumprido e do mal praticado. Por isso o exercício da liberdade está intimamente ligado com a lei moral natural, que tem caráter universal, exprime a dignidade de cada pessoa, coloca a base dos seus direitos e deveres fundamentais e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as pessoas.

Assim o reto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca, a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder, a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis, e também a prontidão ao sacrifício.

Educar para a justiça
4. No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes
o conceito de justiça. De fato, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.

Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios econômicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. Ora « a “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo ».
« Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados » (Mt 5, 6). Serão saciados, porque têm fome e sede de relações justas com Deus, consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.

Educar para a paz
5. « A paz não é só ausência de guerra, nem se limita a assegurar o equilíbrio das forças adversas. A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos e a prática assídua da fraternidade ». A paz é fruto da justiça
e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo: n’Ele, na sua Cruz, Deus reconciliou
consigo o mundo e destruiu as barreiras que nos separavam uns dos outros (cf. Ef 2, 14-18); n’Ele, há uma única família reconciliada no amor.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser ativos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos.

« Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus » – diz Jesus no sermão da montanha (Mt 5, 9). A paz para todos nasce da justiça de cada um, e ninguém pode subtrair-se a este compromisso essencial de promover a justiça segundo as respectivas competências e responsabilidades. De forma particular convido os jovens, que conservam viva a tensão pelos ideais, a procurarem com paciência e tenacidade a justiça e a paz e a cultivarem o gosto pelo que é justo e verdadeiro, mesmo quando isso lhes possa exigir sacrifícios e obrigue a caminhar contracorrente.

Levantar os olhos para Deus
6. Perante o árduo desafi o de percorrer os caminhos da justiça e da paz, podemos ser tentados a interrogar-nos como o salmista: « Levanto os olhos para os montes, de onde me virá o auxílio? » (Sal 121, 1). A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: « Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom e verdadeiro (…), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? ». O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).
Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação. Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a
possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele que é a justiça e a paz.
Oh vós todos, homens e mulheres, que tendes a peito a causa da paz! Esta não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, envio-vos estas reflexões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, morais e materiais, a fim de « educar os jovens para a justiça e a paz ».

Fonte: CNBB

Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus 01/01/12

Santa Maria Mãe De Deus 

LEITURA I – Num 6,22-27

Leitura do Livro dos Números

O Senhor disse a Moisés:
«Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes:
Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo:
‘O Senhor te abençoe e te proteja.
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face
e te seja favorável.
O senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’.
Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel
e Eu os abençoarei».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67)

Refrão: Deus Se compadeça de nós
e nos dê a sua bênção.

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação.

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.

Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra.


LEITURA II – Gal 4,4-7

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas

Irmãos:
Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher e sujeito à Lei,
para resgatar os que estavam sujeitos à Lei
e nos tornar seus filhos adotivos.
E porque sois filhos,
Deus enviou aos nossos corações
o Espírito de seu Filho, que clama:
«Abbá! Pai!»
Assim, já não és escravo, mas filho.
E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.

Palavra do Senhor.

EVANGELHO – Lc 2,16-21

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém
e encontraram Maria, José
e o Menino deitado na manjedoura.
Quando O viram, começaram a contar
o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino.
E todos os que ouviam
admiravam-se do que os pastores diziam.
Maria conservava todas estas palavras,
meditando-as em seu coração.
Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus
por tudo o que tinham ouvido e visto,
como lhes tinha sido anunciado.
Quando se completaram os oito dias
para o Menino ser circuncidado,
deram-Lhe o nome de Jesus,
indicado pelo Anjo,
antes de ter sido concebido no seio materno.

Palavra da Salvação.



Reflexão

Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes.
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.
Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.
Esta “bênção” apresenta-se numa tríplice fórmula, sempre em crescendo (no texto hebraico, a primeira afirmação tem três palavras; a segunda, cinco; a terceira, sete). Em cada uma das fórmulas, é pronunciado o nome de Jahwéh… Ora, pronunciar três vezes o nome do Deus da aliança é dar uma nova atualidade à aliança, às suas promessas e às suas exigências; é lembrar aos israelitas que é do Deus da aliança que recebem a vida nas suas múltiplas manifestações e que tudo é um dom de Deus.
A cada uma das invocações, correspondem dois pedidos de bênção: “que Jahwéh te abençoe (isto é, que te comunique a sua vida) e te proteja”; “que Jahwéh faça brilhar sobre ti a sua face (hebraísmo que se pode traduzir como ‘que te mostre um rosto sorridente e favorável’) e te conceda a sua graça”; que Jahwéh dirija para ti o seu olhar (hebraísmo que significa ‘olhar para ti com benevolência’, ‘acolher-te’) e te conceda a paz” (em hebraico: ‘shalom’ – no sentido de bem-estar, harmonia, felicidade plena).
Este texto lembra ao israelita que tudo é um dom do amor de Jahwéh e que o Deus da aliança está ao lado do seu Povo em cada dia do ano, oferecendo-lhe a vida plena e a felicidade em abundância.
Na segunda leitura, a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papá”).
Paulo recorda aqui aos gálatas algo de fundamental: Cristo veio a este mundo para libertá-los, definitivamente, do jugo da Lei; a consequência da ação redentora de Cristo é que os homens deixaram de ser escravos e passaram a ser “filhos” que partilham a vida de Deus.
A palavra-chave é, aqui, a palavra “filho”, aplicada tanto a Cristo como aos cristãos. Cristo, o “Filho”, foi enviado ao mundo pelo Pai com uma missão concreta: libertar os homens de uma religião de ritos estéreis e inúteis, que não potenciava o encontro entre Deus e os homens; e Cristo, identificando os homens com Ele, levou-os a um novo tipo de relacionamento com Deus e fê-los “filhos” de Deus. Por ação de Cristo, os homens deixaram de ser escravos (que cumprem obrigatoriamente regras e leis) e passaram a relacionar-se com Deus como “filhos” livres e amados, herdeiros com Cristo da vida eterna. Depois desta “promoção”, fará algum sentido querer voltar a ser escravo da religião das leis e dos ritos?
A nova situação dos homens dá-lhes o direito de chamar a Deus “abbá” (“papá”). Paulo utiliza esta palavra aqui (bem como na Carta aos Romanos), apesar de os judeus nunca designarem Deus desta forma. Ela expressa uma relação muito próxima, muito íntima, do gênero daquela que uma criança tem com o seu pai: exprime a confiança absoluta, a entrega total, o amor sem limites. A insistência de Paulo nesta palavra deve ter a ver com o Jesus histórico: Jesus adotou-a para expressar a sua confiança filial em Deus e a sua entrega total à sua causa. Ora, é este tipo de relação que os cristãos, identificados com Cristo, são convidados a estabelecer com Deus.
Gal 4,4 é o único lugar em que Paulo se refere à mãe de Jesus (“Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”); no entanto, Paulo não parece interessado, aqui, em falar de Nossa Senhora, mas em sublinhar a solidariedade de Cristo com o gênero humano.
O Evangelho mostra como a chegada do projeto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos também a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projetos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
Como pano de fundo do nosso texto está, portanto, a idéia de que, com a chegada de Jesus, atingimos o centro do tempo salvífico… Em Jesus, a proposta libertadora que Deus tinha para nos oferecer veio ao nosso encontro e materializou-se no meio dos homens; o próprio nome (“Jesus” significa “Jahwéh salva”) que foi dado ao menino por indicação do anjo que anunciou o seu nascimento aponta nesse sentido. Por outro lado, o fato de essa “boa notícia” ser dada, em primeiro lugar, aos pastores (classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da salvação) significa que a proposta de Jesus se destina, de forma especial, aos pobres e marginalizados, àqueles que a teologia oficial excluía e condenava. Diz-lhes que Deus os ama, que conta com eles e que os convoca para fazer parte da sua família.
Definida a questão essencial, atentemos nas atitudes dos intervenientes e na forma como eles respondem à chegada de Jesus…
Em primeiro lugar, repare-se como os pastores, depois de escutarem a “boa nova” do nascimento do libertador, se dirigem “apressadamente” ao encontro do menino. A palavra “apressadamente” sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a ação libertadora de Deus em seu favor. Aqueles que vivem numa situação intolerável de sofrimento e de opressão reconhecem Jesus como o único salvador e apressam-se a ir ao seu encontro. É d’Ele e de mais ninguém que brota a libertação por que os oprimidos anseiam. A disponibilidade de coração para acolher a sua proposta é a primeira coisa que Deus pede.
Em segundo lugar, repare-se como os pastores reagem ao encontro com Jesus… Começam por glorificar e louvar a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em ação de graças ao Deus libertador. Depois, esse louvor torna-se testemunho: quem faz a experiência do encontro com Deus libertador tem obrigatoriamente de dar testemunho, a fim de que os outros homens possam participar da mesma experiência gratificante.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de abismar-se com as ações do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os profetas.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude “missionária” dos pastores, que proclamam a acção salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus. Estas duas atitudes definem duas coordenadas essenciais daquilo que deve ser a existência do crente.
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