O novo ano é sempre um caminho novo que se abre. Caminho a ser percorrido passo a passo, itinerário aberto a ser construído ao longo dos próximos 365 dias, oportunidade para recomeçar de um jeito novo, possibilidade renovada de ser feliz. Caminho pressupõe passos. O primeiro deles exige um olhar sereno sobre o ano que termina. Trata-se do passo da serenidade e do justo reconhecimento do caminho percorrido até agora. Não se pode ir prá frente carregando muito peso nas costas e amargura no coração. Cargas pesadas acabam enfraquecendo as pernas, impedindo avançar no caminho novo e fazendo sofrer o coração. Há muita coisa a ser deixada prá trás a fim de poder recomeçar. Mágoas, ressentimentos e vinganças devem ceder lugar ao perdão, à reconciliação e à paz. Não se pode simplesmente apagar o que foi vivido, mas é possível e salutar assumir com serenidade as falhas e limitações, aprender com os erros passados para não repeti-los e dispor-se a uma vida nova. O segundo passo requer disposição para caminhar juntos, compartilhando alegrias e dores. É o passo do amor fraterno, da amizade sincera e da ternura, que torna possível trilhar o novo ano com ânimo, leveza e alegria. O caminho pode ser longo e difícil, mas percorrido juntos se torna leve e agradável. Um novo ano traz novas oportunidades de fazer amizades, fortalecer as existentes, crescer na gratuidade e na solidariedade. O terceiro é o passo da esperança diante do novo caminho. O novo pode se apresentar como algo desafiador, mas não deve ser visto como ameaçador, por maiores que sejam os desafios que se tem pela frente. Olhar prá frente com a esperança de viver de um jeito novo, realizando sonhos e cultivando novas atitudes. O quarto passo é o da gratidão de quem acolhe o novo ano como dom e não como um fardo a ser carregado. A cada dia, o renascer do sol representa a possibilidade do novo. A vida deve ser acolhida e saboreada como dom precioso do Criador e como fruto do amor de tanta gente que caminha conosco. O quinto passo a ser dado, ao percorrer o caminho que se abre, é o da responsabilidade diante da vida e do caminhar. Ser feliz, vivendo de um jeito novo, não é fruto do acaso, por mais que acontecimentos imprevistos possam definir o caminhar. Depende de nós, de como construímos a vida e a história, não apenas pessoal, mas também familiar e social. Somos corresponsáveis pela construção de um mundo novo, através do amor, da justiça e da paz. O sexto passo é o da simplicidade a ser vivida no novo ano. É preciso dispor-se a saborear o valor das coisas simples e a experimentar a beleza dos pequenos gestos do dia a dia, em contraste com o consumismo desenfreado e a ambição desmedida que provocam gastos e desgastes. Por fim, o sétimo passo que não pode faltar para os caminheiros do novo ano é o da fé. A fé em Deus sustenta a esperança, ilumina orientando o caminho a seguir, anima e fortalece os passos que pretendemos dar. Fé a ser alimentada por momentos de oração e meditação pessoal. Fé a ser cultivada e celebrada em comunidade. Não vamos sozinhos percorrer o novo ano. A celebração festiva do Natal nos recorda que Deus se fez carne e veio morar entre nós, assumindo nossa natureza humana, partilhando nossa vida e nossa história. Ele caminha conosco no itinerário que vamos percorrer no novo ano. Querer caminhar com Ele é sinal que a luz da fé está brilhando em nossa vida ou, ao menos, que a chama que ainda fumega está querendo crescer em nosso coração, permitindo-nos viver 2011 como um feliz ano novo. Outros passos podem ser acrescentados. Estes sete passos indicados, conforme o simbolismo bíblico atribuído ao número “sete”, representam a plenitude que se busca alcançar. Plenitude de vida e de felicidade, dom e tarefa! Feliz Ano Novo!
