segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Setembro:Mês da Bíblia


A BÍBLIA DE JESUS

por Pe. Aerton Marcos
“Jesus, conforme seu costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, encontrou o lugar onde está escrito: ‘o Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor’. Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na sinagoga, estavam fixos nele” (Lc 4, 16-20). Este relato bíblico ressalta a imagem de Jesus mantendo contato direto com as Letras Sagradas e, por meio da leitura feita em Nazaré, revela que sua missão consiste em libertar e iluminar aqueles tantos que vivem em algum tipo de cativeiro ou de cegueira.
Segundo a narrativa de Lucas Jesus não demora muito a aparecer pondo em prática o Texto proclamado, pois relata, poucos versículos depois, que Ele “saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo, com muita febre. Intercederam a Jesus por ela. Então, Jesus se inclinou sobre ela e, com autoridade, mandou que a febre a deixasse. A febre a deixou, e ela, imediatamente, se levantou e pôs-se a servi-los” (v. 38s). Neste episódio Jesus se inclina e com autoridade propicia que a "prisioneira" seja libertada e esta, prontamente, transforma ou resume sua libertação em serviço, permitindo que a Palavra proferida corra veloz em suas veias. Esta reação lhe concede – definitivamente – a alforria de sua enfermidade: o sofrimento de ser escrava do comodismo.
Outra passagem digna de citação e que, perfeitamente, descreve o elo existente entre a Palavra e a Vida de Jesus é a que descreve a cura de um cego em Betsaida, nos seguintes termos: “tomando-o pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, impôs-lhe as mãos” e restabelecida sua vista, passou a ver nitidamente todas as coisas (Cf. Mc 8, 22-25). Neste caso, o “livro da sinagoga” já se configura como um impresso, claramente, reproduzido nas operosas mãos de Jesus, pois Ele mesmo traz em seu agir a força que “desaprisiona” a história do ser humano e a claridade que “desobstrui” o olhar humano em suas distintas formas de cegueira: geográfica, intelectual, afetiva, social etc.

Todos os discípulos do Senhor são chamados à liberdade real e à visão verdadeira. Nesta convocação, também, está incluso o mandato batismal de deixar no mundo as marcas do sagrado, tornando-o conhecido e atualizado por meio de um operar justo, solidário e salvífico. Ver ou contemplar, pois, essa leitura feita por Jesus implica seguir o mesmo caminho: tornando-se leitores fiéis... receber o Livro Sagrado para si, ler além dos seus códigos de linguagem, interpretar seus enigmas gramaticais, gravar suas letras no coração, levar seus capítulos e versículos no cotidiano da vida. Enfim, a exemplo do Mestre, ter sempre a “bíblia” na voz e nas mãos.

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