sábado, 4 de maio de 2013

Mais Perguntas e Respostas.

Como acontece o processo de escolha?
Com o início do Conclave, os cardeais seguem em cortejo da Capela Paulina, onde se reúnem inicialmente, até a Sistina, onde ocorrem as votações. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal Camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior. Três cardeais assistentes são escolhidos para auxiliar o Camerlengo – eles são trocados a cada três dias.

Os eleitores ficam isolados em celas particulares e se reúnem na Capela Sistina duas vezes por dia para votar – caso não um nome não obtenha dois terços dos votos na primeira votação. Além deles, ficam alojados nos arredores da Capela Sistina apenas o Secretário do Colégio Cardinalício o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, com dois Cerimoniários e dois religiosos adscritos à Sacristia Pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo Cardeal Decano ou pelo Cardeal que o substitua, para lhe servir de assistente; além de alguns religiosos de diversas línguas para as confissões, dois médicos para eventuais emergências e pessoas responsáveis pela alimentação e limpeza.

Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um de cada vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto e de aceitar o resultado. No momento da eleição, ficam na capela apenas os eleitores, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e o eclesiástico escolhido para fazer aos cardeais eleitores a segunda das duas meditações. Eles juram igualmente que aquele entre eles que for eleito não renunciará jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice romano.

Por que os cardeais ficam isolados?
O isolamento ocorre para garantir o segredo da eleição – nem o número de votos que o escolhido recebeu é divulgado – e para permitir as orações e meditações necessárias para a escolha do voto – além de evitar possíveis pressões e influências externas. Durante todo o tempo que durar o Conclave, os cardeais não podem manter qualquer tipo de contato e correspondência com pessoas externas – somente razões gravíssimas e urgentes, comprovadas pela congregação dos cardeais, permitirão tais contatos. Eles também não podem ter acesso a meios de comunicação. As pessoas envolvidas no processo também devem manter o sigilo e estão sujeitas a punições do futuro Papa caso não o cumpram. A exigência de segredo nas votações está estipulada na Constituição Apostólica.


Qual o poder do camerlengo durante o conclave? (Fabio Silva, internauta)
O camerlengo detém a administração da Igreja Católica durante o período de Sé Vacante – entre a morte ou renúncia de um Papa e a escolha de seu sucessor. Ele deve cuidar e administrar os bens e direitos temporais da Santa Sé, com o auxílio de três cardeais assistentes escolhidos à sorte. Por também ser um cardeal, ele participa da eleição do novo papa também como eleitor, desde que tenha menos de 80 anos, e também pode ser votado. Ele é responsável por garantir o sigilo dentro da Capela Sistina durante as votações, impedindo comunicações e vazamento de informações, deve recolher as anotações dos cardeais e se certificar de que os votos foram queimados e elaborar um relatório com os resultados das votações. Além disso, é perante o camerlengo que os cardeais fazem seus juramentos antes do processo eleitoral.


É permitida a realização de acordos, promessas ou pactos antes da eleição?
Segundo a Constituição Apostólica, os cardeais eleitores são proibidos de realizar qualquer tipo de acordo visando benefícios ou promessas de realizações pela eleição de um ou outro candidato. Promessas eventualmente feitas serão consideradas nulas e os autores podem ser excomungados. Entretanto, a troca de ideias sobre a eleição antes do Conclave não é proibida. Também está vetada a influência externa – os eleitores não podem receber recomendações ou vetos de autoridades civis ou religiosas. O código também recomenda que os cardeais não se deixem guiar por simpatia ou aversão aos candidatos como fator de influência na escolha do papa.


Como são dados os votos?
Os votos são escritos pelos cardeais em fichas distribuídas no início da votação – cada cardeal eleitor recebe duas ou três. São eleitos à sorte entre os votantes três escrutinadores, três responsáveis por recolher os votos dos doentes e três revisores.


O nome do escolhido deve ser escrito nas fichas de maneira secreta e com uma caligrafia diferente da habitual, para evitar a identificação dos votos. Elas devem ser dobradas duas vezes. Cada cardeal leva seu voto de maneira visível até a urna e o deposita, antes realizando um juramento. Os cardeais doentes que estiverem instalados no Vaticano e impossibilitados de participar do Conclave na Capela Sistina terão seus votos recolhidos por cardeais designados no início da votação.


Os eleitores não podem revelar a qualquer outra pessoa notícias sobre a votação e seu próprio voto, nem antes, durante ou depois do processo.


Como os votos são computados?
Após o depósito de todas as fichas, a urna é aberta e é feita a contagem dos votos. Se o número for diferente do de presentes as fichas são queimadas e a eleição reiniciada. Caso tudo esteja certo, começa a contagem. Os três escrutinadores sorteados no início são os responsáveis pela apuração. O primeiro e o segundo observam o nome na ficha, e o terceiro, certificando-se de que o nome está correto, o lê em voz alta. Todos os eleitores anotam o nome em uma folha apropriada. Cada uma das fichas de voto é furada com uma agulha e inserida em um fio, para que elas sejam conservadas de forma segura.

Após a leitura de todos os votos, há a soma dos votos. Caso um dos nomes consiga dois terços dos votos, o Papa está eleito. Caso contrário, é feita uma nova votação. Em ambos os casos, todas as anotações são recolhidas e verificadas.

Logo após a revisão, as fichas são queimadas pelos escrutinadores. Caso não haja um consenso e seja necessária uma segunda votação, as fichas da primeira são guardadas e queimadas apenas no final, junto com as do processo seguinte.

Quanto tempo pode durar o processo de escolha?
Caso o nome mais votado não consiga dois terços dos votos, a eleição pode se estender por vários dias. No primeiro dia, está prevista apenas uma votação. Nos seguintes, devem ser realizadas duas pela manhã e duas durante a tarde. Após três dias sem decisão, deverá ser feita uma pausa de um dia para oração e reflexões entre os cardeais. A pausa é seguida por sete votações. Caso não haja resultado, deve ocorrer um novo dia de pausa. A sequência pode ocorrer por mais três vezes. Se ainda assim não houver um eleito, os cardeais devem decidir como proceder – pela eleição por maioria absoluta ou votação apenas nos dois nomes com mais votos, elegendo-se também o que obtiver maioria absoluta. Será adotado o que a maior parte dos cardeais decidir.

Como é feito o anúncio de que um novo Papa foi escolhido?
Quando a escolha finalmente ocorre, o cardeal mais antigo pergunta ao mais votado se ele aceita o cargo. Ao responder “aceito”, o cardeal passa a ser o novo papa. Em seguida, ele informa por qual nome passará a ser chamado. Caso o eleito já seja bispo, é imediatamente apontado como Bispo de Roma, assumindo o poder sobre a Igreja. Se não for, é ordenado na hora.


As cédulas são queimadas, e a tradição indica que os cardeais devem usar palha seca ou úmida para que a fumaça seja preta (se não foi escolhido o Papa) ou branca (se a votação deu como resultado a eleição do novo pontífice). Quando a fumaça é branca, o público na Praça São Pedro sabe que o novo pontífice foi escolhido. Após uma cerimônia solene entre os cardeais, o novo papa costuma aparecer ao público, como fez Bento XVI ao ser eleito em 2005.
Como é escolhido o nome dos Papas? (Julio Brondani, internauta)
A tradição de adotar um novo nome ao ser nomeado Papa foi iniciada por Jesus Cristo, que mudou o nome do pescador Simão para Pedro, o primeiro Bispo de Roma. Cada Papa é responsável por escolher o nome que adotará durante o pontificado – ele deve apontar o nome logo após aceitar a eleição. A escolha é uma forma de homenagear os antigos papas e também indica a linha de administração do novo pontífice. O nome escolhido normalmente aponta que o novo papa se identifica com as doutrinas e realizações dos outros papas que tiveram o mesmo nome.

Quais as funções do Papa?
O Papa é o bispo de Roma, chefe de estado da cidade do Vaticano e líder mundial da Igreja Católica. Seu cargo é vitalício, e sua autoridade descende diretamente de Jesus Cristo. Entre suas funções e deveres está manter integridade e fidelidade do deposito da fé; se dedicar à expansão do catolicismo e da fé cristã pelo mundo; nomear cardeais e eleger bispos; canonizar santos e criar dioceses; intervir em questões administrativas do Vaticano e da Igreja Católica em todo o mundo; trabalhar pelo diálogo inter-religioso e pela defesa dos direitos-humanos.
Quais os principais desafios do próximo Papa?
Historicamente, pedidos de renúncia de papas foram seguidos por momentos de cisão na Igreja Católica, enfrentados com dificuldade por seus sucessores. Por enquanto, essa tendência não é vista agora. Entretanto, o novo pontífice segue com os desafios enfrentados por Bento XVI – a perda de fiéis para outras doutrinas, principalmente em países do Terceiro Mundo; os escândalos de pedofilia espalhados por diversos países; a dicotomia entre o avanço da sociedade moderna e posições doutrinárias da Igreja, como o uso de contraceptivos, camisinha, aborto, celibato ou casamento homossexual. Conciliar a disputa entre correntes conservadoras e outras de pensamento mais liberal também é um desafio ao novo pontífice.Estabelecer contato com os mais jovens e conseguir se aproximar deles, principalmente com o uso de tecnologias, também será essencial ao novo pontífice.
O que acontecerá com a Jornada Mundial da Juventude, marcada de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro? A jornada acontecerá normalmente, segundo a arquidiocese do Rio. Bento XVI havia confirmado sua presença como representante do Vaticano no encontro no Brasil. Segundo o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, ébastante provável que o novo Papa compareça ao evento. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse acreditar que a primeira viagem internacional do novo Papa seja ao Rio de Janeiro para o encontro.

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